Núcleo de Economia

Informativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará • 05 de agosto de 2016 • www.sfiec.org.br

A queda da inflação e a revisão dos juros

Um governo, procurando evitar inflação, pode tomar medidas como reduzir a oferta de moeda, elevando os juros básicos e, assim, desaquecendo a economia. Isso caracteriza a chamada política monetária contracionista, que inibe os investimentos (afinal, eles ficam mais caros por conta dos juros elevados) para que o nível de preços caia ou, pelo menos, fique estável. De 31 países monitorados pelo Itaú Unibanco, apenas Brasil e Colômbia possuem essa política monetária restritiva.

Além de controlar a inflação, a adoção de juros altos atrai o interesse de investidores. No índice MSCI (Morgan Stanley Capital International) - criado pela empresa Morgan Stanley para acompanhar o desempenho das bolsas de valores -, o BMSCI-Brasil – que mede, por sua vez, o comportamento das bolsas brasileiras – tem crescimento acumulado no ano de 58%, desempenho expressivo, inferior apenas ao Peru, em um conjunto de 165 países. Isso demonstra, mais uma vez, a força do mercado brasileiro, um dos melhores investimentos do ano, mesmo em uma conjuntura que inclui, entre outros, recessão, escândalos de corrupção e impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ademais, em um cenário externo atual com juros muito baixos, os investidores se voltam para mercados em desenvolvimento que possibilitem retornos maiores, como o Brasil, com sua estratosférica SELIC de 14,25% ao ano.

Entretanto, os juros altos funcionam como uma trava à produção e, consequentemente, ao emprego e à renda, necessitando, assim, de ajustes. Como eles devem ser compatíveis com as pressões inflacionárias, o caminho para sua redução no Brasil parece estar sendo pavimentado. Observa-se uma tendência de queda da inflação – para o final deste ano, as previsões do Banco Central, no Grupo Top 5 (que mais tem acertado as projeções de inflação), caíram de 7,20% para 7,16%, e para 2017, de 5,29% para 4,97%. Com isso, as expectativas de mercado apontam para os seguintes níveis da taxa de juros no País: 14% em outubro (ou seja, corte de 0,25 ponto) e 13,50% no final de 2016 (isto é, novo corte de 0,5 ponto); para 2017, a taxa básica seria reduzida em 2,5 pontos, chegando a 11% no final do ano.

Para que isso ocorra, entretanto, é necessário avançar no lado fiscal, notadamente no controle das contas do governo. O déficit nominal segue em torno de 10% do PIB e as projeções indicam que a dívida pública continuará crescendo, mesmo com a PEC que limita os gastos. É necessário, portanto, que sejam adotadas medidas adicionais de corte de despesas e de aumento das receitas. Sobre isso, o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, anunciou que, para não haver aumento de impostos, o crescimento do PIB em 2017 teria que ser, no mínimo, igual a 2%.

Nessa direção, para que possamos voltar a crescer, sem elevação de tributos, é imprescindível “destravar” os investimentos. Portanto, a política monetária terá que ser revista.