Núcleo de Economia

Informativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará • 15 de julho de 2016 • www.sfiec.org.br

Precisamos aproveitar o cenário favorável

Na discussão sobre o modelo econômico brasileiro há clara percepção de que a expansão contínua das despesas, a menor infraestrutura, o excesso de leis e de burocracia, a forte corrupção, o clientelismo, a busca incessante por vantagens (rent seeking) e o tamanho excessivo do Estado contribuem para que não sejamos capazes de sustentar uma taxa de crescimento por um longo tempo. Como sabemos, nosso atual momento é de uma persistente recessão – caímos 0,3% no primeiro trimestre deste ano, comparado ao último trimestre de 2015 –, mas um futuro bem melhor poderá ser construído em alguns meses.

Para tanto, o cenário externo nos está favorável, especialmente pelos estímulos ao crescimento nos mercados desenvolvidos. A China, por exemplo, cresceu 1,8% no segundo trimestre deste ano, relativamente ao primeiro trimestre, em parte por causa dos investimentos estatais. Nessa direção, as taxas de juros de longo prazo das economias mais ricas encontram-se hoje muito baixas - de zero a 1% ao ano. Ou seja, nesse contexto, é natural o interesse dos investidores por países como o Brasil, que possui juros mais altos. Ademais, a expectativa para a reunião do COPOM (Comitê de Política Monetária) da próxima semana é a de que a taxa básica de juros permaneça em 14,25%, com o mercado futuro prevendo corte de 0,82 ponto ainda neste ano. Em resumo, podemos seguir atraentes para os investimentos externos, mas com espaço para reduzirmos os juros, estimulando nossa produção e consumo e, por conseguinte, o emprego e a renda.

Porém, para que possamos aproveitar as condições internacionais, é fundamental que o governo Temer consiga executar o chamado ajuste fiscal - o qual inclui, entre outros, privatizações e concessões para setor privado e corte de gastos - e conduzir mudança no Estado em pontos cruciais como a eliminação de privilégios e as reformas da previdência, tributária e trabalhista. A ação mais urgente, entretanto, é mesmo a PEC que limita os gastos públicos, e da qual depende todo o restante da agenda. A eleição, nesta semana, de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara, certamente, contribuirá para aprovação pelo Congresso das ações propostas pelo governo.

Assim, precisamos cumprir, o mais breve possível, essa nossa complexa agenda, especialmente porque os rumos da economia podem se alterar rapidamente, e uma piora das condições externas associada à nossa incapacidade de provocar mudanças, trará danos muito fortes ao nosso já combalido ambiente econômico e ameaçando, até mesmo, nossas reservas cambiais.