Núcleo de Economia

Informativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará • 13 de maio de 2016 • www.sfiec.org.br

Competitividade, chave para retomada do crescimento

O Senado, confirmando as previsões, decidiu pelo afastamento da Presidente Dilma Rousseff, determinando que Michel Temer passasse a ser presidente em exercício, até que o próprio Senado julgue a presidente afastada, de forma definitiva. Com o início do governo Temer, é natural a expectativa sobre as medidas econômicas a serem tomadas, com o objetivo de abreviar a recessão e conduzir a retomada do crescimento.

As primeiras ações do novo governo nessa área, entretanto, só serão anunciadas na próxima semana. Segundo o Ministro da Fazenda, Henrique Meireles, elas estarão prioritariamente relacionadas às reformas trabalhista e da previdência, e no estabelecimento de um teto para as despesas públicas. Como todas terão que ser aprovadas pelo Congresso, é fundamental que Temer consiga unir a base em torno de questões delicadas, como as mudanças nas aposentadorias, os ajustes para aumento da produtividade do trabalho e a necessidade de redução da indexação na economia, uma vez que a grande maioria dos gastos federais primários é associada ao salário mínimo, ao PIB e a receita dos impostos e, assim, quando a receita cai (como agora, em que estamos em recessão), o governo tem grandes dificuldades para reduzir as despesas.

Com a imprescindível recuperação da confiança – em nome de uma maior credibilidade, técnicos do governo já anunciam necessidade de elevação do espaço fiscal, para acomodar um déficit de R$ 130 bilhões em 2016 -, é possível apostar na redução dos juros e em uma maior estabilidade macroeconômica, o que favoreceria o emprego e a renda e, naturalmente, beneficiaria o consumo e o investimento. Nesse cenário, o crescimento aconteceria pela elevação da demanda doméstica.

Porém, o País conta hoje com 59,2 milhões de inadimplentes, e a atividade econômica segue em declínio – segundo anúncio de quinta-feira do Banco Central, o 1º trimestre de 2016 é o pior desde 2009, com contração de 1,44% em relação ao final de 2015. Então, no curto prazo, o novo governo deve mesmo apostar no bom desempenho das exportações e, principalmente, na expansão dos investimentos e nas privatizações.

Nesse sentido, a elevação dos investimentos pelo setor privado passa por um outro importante ponto de atenção: o endividamento das empresas. É um problema que o novo governo deve procurar resolver, criando alguma forma de alongar as dívidas contraídas em um ambiente marcado pela menor atividade econômica e pela aplicação de juros extremamente elevados.

Portanto, em função do pouco tempo que terá para fazer as mudanças que o Brasil necessita, o novo governo deverá ter suas atenções voltadas para o equilíbrio fiscal, para a redução dos juros e para o aumento da competitividade das empresas, fortemente impactada pela deterioração recente do ambiente de negócios.