Núcleo de Economia

Informativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará • 15 de abril de 2016 • www.sfiec.org.br

Próximos dias darão o tom sobre as incertezas

As incertezas que pairam sobre a economia brasileira, motivadas principalmente pela preocupante situação fiscal, e acentuadas pela forte instabilidade política, provocam expectativas nada favoráveis. Na última quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou previsão de encolhimento de 3,8% para o Brasil, em 2016.

Em termos mundiais, por sua vez, o FMI mostrou quadro de baixo crescimento, com as economias emergentes muito afetadas pelo menor preço das commodities, enquanto as avançadas desaceleram por causa da falta de demanda e do menor nível de investimentos.

Nessa direção, segundo dados divulgados pelo governo chinês, também na quinta-feira, a economia da China cresceu 6,7% entre janeiro e março deste ano com relação ao mesmo período de 2015, principalmente por causa das recentes medidas de suporte tomadas pelo banco central. Apesar de parecer uma notável elevação, trata-se da taxa de crescimento trimestral mais baixa do gigante asiático desde 2009.

Ademais, analistas observam que, mesmo com declínio do desemprego na economia chinesa, o PIB do país está desacelerando, sugerindo piora na produtividade do trabalho, o que, naturalmente, reduzirá o ritmo de crescimento no longo prazo, produzindo efeitos negativos sobre o Brasil, uma vez que a China é nosso maior comprador.

Assim, em um cenário global de baixo crescimento, e com agenda que requer atenções voltadas para ajuste fiscal, política monetária e avanços estruturais, o Brasil ainda necessita priorizar a solução de sua profunda crise política. A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, neste domingo, é capítulo importante, uma vez que há expectativa no mercado de que se consiga alguma melhora no quadro econômico se o vice-presidente Michel Temer assumir o governo.

Para tanto, o novo presidente terá que conduzir, imediatamente, a aprovação de medidas de ajuste fiscal capazes de equilibrar as contas públicas e levar o País a ter superávit primário (mesmo que modesto) já em 2017. Dessa forma, haveria retomada da confiança e dos investimentos, possibilitando condições para que o banco central reduzisse os juros de maneira mais expressiva. Por outro lado, caso não se não tenha o ajuste necessário, os prognósticos do FMI apontam para um equilíbrio fiscal apenas em 2020, com uma dívida pública que pode chegar a 92% do PIB.

Dessa forma, apesar de não sabermos qual desses dois cenários díspares se concretizará, a construção desse futuro passa, decididamente, pelos acontecimentos dos próximos dias.