Núcleo de Economia

Informativo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará • 08 de abril de 2016 • www.sfiec.org.br

Um governo novo ou um "novo governo"?

Até a votação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, prevista para o próximo dia 17, o compasso da economia brasileira é de espera. O resultado pode determinar um governo novo, no caso de derrota da presidente Dilma Rousseff, ou, por outro lado, um prometido “novo governo” pelas autoridades governamentais.

O “novo governo” teria como característica fundamental a atuação do ex-presidente Lula na articulação política, com a missão de reconstruir a base de sustentação no Congresso, para encaminhar medidas que melhorassem a economia, especialmente buscando resgatar a confiança perdida após tantos desequilíbrios e ineficiências. Uma questão essencial para se saber como a economia irá reagir, nesse cenário, é se Lula conduzirá o necessário ajuste fiscal ou adotará medidas populistas, que levariam o País a um caos socioeconômico ainda maior. Independente disso, a equipe econômica apostaria boa parte de suas fichas na expansão do crédito, mesmo diante da incerteza de demanda – quem tomaria crédito nesse contexto?

A agenda para o crescimento, com ou sem impeachment, na realidade, deveria passar pela indispensável discussão fiscal, pois, temos queda nas receitas e crescimento sistemático das despesas, além de uma explosiva trajetória da dívida pública, com o perigo real de insolvência do país – podemos sim, em pouco tempo, chegar à conclusão que o Brasil não possui condições para pagar o que deve! Porém, o item mais relevante para o crescimento da economia brasileira é mesmo a produtividade, da qual pouco se tem falado na conjuntura atual, dominada pela cena política.

Sim, apenas com aumento da produtividade será possível garantir recursos públicos para a infraestrutura e políticas sociais, além de aumentos salariais que não comprometam a competitividade das empresas. As atividades de inovação, únicas capazes de elevar continuamente a produtividade, devem, portanto, ser incentivadas, assim como melhorias na infraestrutura física, no ambiente de negócio e na qualificação do trabalhador.

No Brasil, apenas cerca de 10% do crescimento econômico são devidos à produtividade – em países como Índia e China, esse número fica em torno de 50%. Assim, com governo novo, ou com promessa de “novo governo”, os desafios são enormes, e a paralisia atual, apenas atrasa e dificulta ainda mais a retomada do nosso crescimento.