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Discurso do Dr. Luiz Esteves Neto, Presidente da FIEC por ocasião do "Seminário de Técnicas de Conservação de Energia Elétrica".
Fortaleza, 22 de junho de 1989



A Federação das Indústrias do Estado do Ceará acolhe com o maior interesse e grande entusiasmo a realização deste evento que apreciara as técnicas de conservação de energia elétrica. e lhe sobram motivos. se não bastasse trazer ate nós as presenças ilustres das renomadas e competentes autoridades, a quem dirigimos nossa respeitosa saudação, o tema proposto e instigante e da maior relevância.

De há muito o Brasil vem experimentando o angustioso problema do racionamento que traz irremediáveis perdas a toda sociedade e inquestionáveis prejuízos aos setores produtivos.

Mesmo assim, é o setor energético no país, um dos melhores estrutu­rado e habilitado profissionalmente. entretanto, se ha uma alta qualidade, ocorre lambem uma imensa dificuldade institucional, que se afigura da maior seriedade.

Por outro lado, existe um problema que preocupa o mundo inteiro e já vem se tornando presença entre nos: a ecologia.

Todas as nações dependem do petróleo produzido pelo oriente médio e como produto não renovável tendera a criação de problemas políticos estratégicos sérios para o futuro próximo. O carvão continuara poluindo, espargindo o C02 na atmosfera. A energia nuclear,  que se desenha como a solução do futuro, e de alta segurança, porém sujeita a riscos imensuráveis. A hidroelétrica inunda terras preciosas. Dentro desses quadros muitos prevêem um futuro difícil para a energia, não obstante o avanço cada vez maior da tecnologia nos conceder a expectativa robusta da solução e conciliação desses problemas.

Os óbices que o setor energético enfrenta tem sido lambem uma  constante preocupação das lideranças empresariais do Ceará. A FIEC, que se mostrou incansável na luta pela conclusão de Itaparica e rígida continuidade do cronograma de execução da hidroelétrica de Xingó, tem consciência plena da gravidade que representa para o futuro da industrialização do nordeste, qualquer ameaça ao suprimento regular de energia elétrica, máxime, quando depois de tanto esforço, as potencialidades do parque industrial com as ZPE’S, puderem ser afetadas.

O uso racional da energia como meio de economizar no seu consumo e um imperativo que se impõe, inclusive, pela sua repercussão nos custos industriais.

A definição urgente de recursos, notadamente por meio de empréstimos externos, para investimentos reclamados pelo setor energético não pode mais sofrer atrasos.

Se há, também, intenção do governo em manter o projeto de usinas termonucleares, faz-se necessário melhorar o nível do ensino universitário brasileiro nessa área, investindo mais no capital  humano e na formação tecnológica, sob pena de não poder sustenta-lo em razão desse processo ser indubitavelmente perigoso.

Sem que se constitua qualquer critica depreciativa ao ministério de minas e energia, e forçoso se reconhecer que o grau relativo de coordenação que exerce sobre o setor elétrico, mercê das imensas dimensões envolvidas e as questões políticas, que povoam o processo decisório brasileiro, agravam o desperdício de energia no pais.

Por essas e outras considerações que se poderia traçar a respeito desse problema, queremos ressaltar a ênfase a ser dada neste seminário ao setor têxtil que, efetivamente, representa o segmento industrial de maior participação no conluio energético industrial cearense, traduzido em mais de um terço desse total e que, consubstanciando um expressivo polo de desenvolvimento, abriga um forte contigente de trabalhadores, os quais aliados a capacidade gerencial do empresário, continuarão a colaborar no fortalecimento da nossa economia.

Temos certeza de que, das exposições e dos debates sobre tão importante e momentoso tema, nascerão avaliações e propostas que servirão para     orientar o melhor caminho para a solução dos problemas do setor energético do Ceará, do Nordeste e do Brasil, todos eles interligados e interdependentes.